Muito se discute no meio da tradução e da localização sobre o trabalho com agências. É fato que trabalhar internamente em uma agência de serviços linguísticos é uma forma excelente de iniciar uma carreira na área e entender melhor como todo o processo de localização funciona. Mas, para aqueles que não desejam ter um emprego formal e preferem pular diretamente para uma carreira freelance, o que é preciso saber? O que as agências realmente querem e buscam?
1) A famosa Qualidade
Por mais que o conceito de qualidade tenha lá sua subjetividade, as agências buscam tradutores e revisores que sejam, ao mesmo tempo, bons “intérpretes” do idioma de origem, escritores competentes no idioma de destino e solucionadores de problemas. Mais do que apenas preencher um espaço em branco (coisa que a máquina já é capaz de fazer), o ideal é que o tradutor e o revisor produzam um resultado que soe natural, fazendo uso da criatividade na escrita e ainda mantendo a integridade e o objetivo do original.
Quanto à parte mais estrutural de uma tradução, erros ortográficos, gramaticais, terminológicos, etc. hoje são vistos pelas agências como ainda mais inaceitáveis, já que existem no mercado inúmeras ferramentas que fazem esse tipo de verificação automaticamente. Portanto, o tradutor que deseja se consolidar no setor precisa estar sempre em dia com o que existe à disposição para facilitar e aprimorar seu trabalho. E isso, muitas vezes, também requer investimentos financeiros. Mas acredite: eles sempre valem a pena.
2) Qualidade do serviço
Tão importante quanto a qualidade do texto é a qualidade dos serviços prestados pelo profissional. Boa comunicação, agilidade nas respostas, pontualidade e transparência são fatores fundamentais do relacionamento com as agências. E são esses fatores que podem manter você no topo da lista de profissionais preferenciais ou, ao contrário, enviar seu nome direto para o “banco de dados”, para um eventual contato futuro.
Recebeu uma solicitação de projeto que você não poderá fazer? Responda imediatamente! Não deixe a agência esperando quatro ou cinco horas pela sua resposta, seja ela qual for. Precisa de uma extensão de prazo? Peça no início do projeto ou assim que surgir algum contratempo, e não na hora marcada para entregá-lo. E nunca se esqueça de confirmar o recebimento de hand-offs e de instruções posteriores. Isso demonstra comprometimento e profissionalismo, além de garantir mais uma estrelinha para você com o gerente de projetos!
Por fim, não importa se o projeto que você aceitou tem 10 ou 100.000 palavras. Trate-o sempre com a mesma seriedade e o mesmo profissionalismo.
3) Proatividade
O tradutor é, acima de tudo, um pesquisador. E, hoje, temos todos os recursos de pesquisa literalmente nas pontas dos dedos, sem nem precisarmos nos levantar da cadeira para ir até a estante! Portanto, antes de enviar uma ou inúmeras queries à agência, pesquise, pesquise e pesquise. Se, mesmo assim, você ainda ficar em dúvida, envie a query com uma sugestão de solução sempre em tempo hábil para que ela seja resolvida e devolvida a você para implementação, nunca junto com a entrega do trabalho.
4) Postura profissional
Aqui, vale aquele ditado: não faça na internet o que você não faria pessoalmente. Jamais fale mal de clientes em grupos de redes sociais e não divulgue nem critique taxas ou outras condições oferecidas por agências ou clientes diretos. Acredite, isso é um ENORME sinal vermelho na testa de um tradutor, tanto na hora da seleção quanto em um relacionamento de trabalho existente. Não seja arrogante com os colegas nas comunicações em redes sociais e não crie postagens só para reclamar da sua profissão ou do setor. Lembre-se: uma boa reputação é tudo!
Finalmente, tome muito cuidado para não divulgar nomes de clientes e projetos e quaisquer outras informações protegidas por um NDA ou contrato de prestação de serviços. Mantenha a discrição e lembre-se de que, assim como o Woody, seus clientes potenciais (sejam de agências ou não) podem ver tuuuudinho! Então, brinque direito.
Conclusão
Não se esqueça: seu sucesso como tradutor freelance depende totalmente da sua dedicação em ser um profissional cada dia melhor e da sua disposição para aprender continuamente. Assim como a língua é dinâmica e está em constante evolução, o trabalho do tradutor precisa se aprimorar a cada dia. Você pode fazer isso mantendo-se sempre a par do que acontece no setor, participando de eventos e, principalmente, dispondo-se sempre a encarar novos desafios em seu trabalho!
Sobre as autoras
Andrea Gonçalves Pinto
Sócia e gerente executiva da Transmaster Traduções, uma LSP baseada em São Paulo. Atuo no mercado de tradução/localização há mais de 25 anos, desde 1994. Trabalhei em diferentes empresas, de multinacionais a agências locais, e sempre estive envolvida em atividades de gerenciamento de projetos, controle de qualidade e tradução/revisão. Entre as áreas em que me especializei estão: TI/tecnologia em geral, marketing corporativo, telecomunicações, turismo, varejo e e-learning.
Roberta Aquino
Sócia e diretora da Transmaster Traduções, uma LSP baseada em São Paulo. Minhas principais áreas de especialização são TI e tecnologia em geral, varejo, marketing, telefonia, Recursos Humanos e treinamento corporativo. Desde que entrei para o setor, em 1993, já atuei nas mais variadas funções: fui tradutora freelance e interna tanto em agências de tradução quanto em uma multinacional de tecnologia e já ocupei cargos de controle de qualidade, coordenação e gerenciamento de projetos de tradução e localização.
Sandra Garcia
Parabéns pelo artigo. Muito bom e didático!
secretaria@abrates.com.br secretaria@abrates.com.br
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Daltony Nóbrega
Aplausos no final.
secretaria@abrates.com.br secretaria@abrates.com.br
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