1. Quem é você e o que você faz?
O meu nome é Patrizia Cavallo, e sou uma tradutora/intérprete italiana que mora há 10 anos no Brasil (Porto Alegre). Sou sócia-proprietária da Apulia Traduções e Interpretações, e as línguas com que trabalho são italiano, português e inglês. As minhas áreas de especialidade são psicanálise, direito e ciências humanas e sociais em geral. Em 2019, terminei o doutorado em Letras na UFRGS com a tese intitulada Reelaboração de um Modelo de Competência do Intérprete de Conferências. Ministro cursos sobre tradução e língua italiana, além de terminologia e CAI tools para intérpretes. Sou credenciada pela ABRATES (PT <>ITA), filiada ao SINTRA e membro do Catálogo de Tradutores. Sou também coadministradora do Interpretech, fórum virtual no Facebook sobre tecnologias da interpretação.
2. Como você chegou à tradução e como foi seu início?
Comecei a gostar de traduzir quando me inscrevi, na Itália, aos 14 anos, em um colégio com ênfase em línguas estrangeiras (além do italiano, eu estudava inglês, francês e espanhol). Na adolescência, viajei muito pela Europa graças aos encontros ecumênicos de jovens. Era frequente que, durante estes eventos, eu trabalhasse como voluntária, traduzindo pessoas que falavam línguas diferentes. Foi nessa época que me apaixonei pela ideia de que as línguas eram não só uma forma de encontrar pontos comuns entre pessoas diferentes, mas também um meio de traçar pontes entre culturas e conhecimentos. Assim, resolvi fazer uma graduação em tradução, conquistando uma vaga na Escola para Tradutores e Intérpretes (SSLMIT – atualmente DIT: Departamento de Interpretação e Tradução) da Universidade de Bolonha, onde fiz também o meu Mestrado em Interpretação. Logo após terminar o mestrado, em 2011, mudei-me para Porto Alegre, onde comecei a trabalhar como estagiária em uma agência de tradução. Apesar da baixa remuneração, foi uma experiência muito interessante, pois ainda estava aprendendo português e todo dia traduzia muitas páginas dos assuntos mais variados (manuais, contratos, sites, etc.), além de gerenciar a ferramenta Trados. Após um ano lá, resolvi sair para trabalhar como tradutora e intérprete autônoma.
3. Para você, qual é o aspecto mais incrível da sua área de atuação?
Na minha opinião, o aspecto mais incrível da tradução — além da oportunidade de ajudar pessoas de diferentes culturas a se comunicar, a realizar um sonho, a fechar um negócio, a publicar suas pesquisas no exterior, etc. — é poder aprender algo novo todo dia, estar constantemente estudando, conhecendo outras pessoas, familiarizando-me com os mais diversos assuntos. Traduzir cartas comerciais em um dia, interpretar um evento sobre meio-ambiente no outro, aprofundar teorias psicanalíticas no dia seguinte. Adoro fazer pesquisas, ler e criar glossários.
4. E o mais desafiador?
Lidar com as oscilações de mercado/temporadas e precisar lutar por valores dignos devido à grande concorrência (às vezes, desleal) no mercado e à falta de regulamentação da profissão.
5. Cite um mito e uma verdade sobre sua área de atuação que você só descobriu na prática.
Um mito: quanto mais títulos acadêmicos e formação você tiver, mais trabalho bem-pago e reconhecimento terá.
Uma verdade: quem trabalha com competência, seriedade e ética, dificilmente ficará sem trabalho.
6. Qual dica construtiva você dá para quem possa estar cogitando seguir na sua área de atuação ou para quem possa estar começando?
Acredito que duas dicas são especialmente importantes:
- Investir em formação ao longo de toda a vida, não pela remuneração em si, mas pelo incremento da qualidade do próprio trabalho;
- Fazer um bom networking e comportar-se de forma ética com colegas e clientes.
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